quinta-feira, 20 de junho de 2013

Efeito formiguinha

Aos meus caros estranhos...

Um conhecido que participa efetivamente de protestos há anos veio conversar comigo sobre o que está acontecendo e suas possíveis soluções. Depois de muita conversa, ele perguntou "Então, você acha que devemos chamar as pessoas que não tem conhecimento e dizer, sente aqui que eu vou ter explicar umas coisinhas...? Acha que devemos fazer o Efeito Forminguinha?". Bem... sinceramente? Acho.
Claro que quanto mais pessoas, mais fortes as manifestações tendem a ficar e mais respeito e imposição elas podem ter, a curto prazo isso é muito bom.  Sei que um número razoável de pessoas que está lá, nem sabe ao certo o que está fazendo, embora esteja nas ruas gritando e tentando fazer valer seus direitos - mesmo sem conhecê-los muito.
Entretanto, há MUITA gente que sabe. Há estudantes politizados, professores, acadêmicos, cidadãos ativos, integrantes de grêmios estudantis, sindicalistas que sabem por que estão lá.
Todos não dizem que a base de tudo é a educação? Então, por que essas pessoas não se apresentam para ensinar algo a quem não sabe? Por que elas não surgem para explicar que o problema da locomoção urbana no Brasil vai muito além de tarifas de ônibus e metrôs? Por que elas não ensinam o quanto é absurdo um "gigante" como o Brasil ser tão dependente de um único sistema de transportes, que é necessário diversificar a matriz de transportes do país para otimizá-la?
Onde estão essas pessoas?
Posso parecer utópica, mas realmente creio no Efeito Formiguinha, no ato de que podemos perpetuar nossos conhecimentos apresentando-os a outras pessoas para que elas façam o mesmo. Um perfeito Efeito Dominó. Assim, um número cada vez maior de pessoas vai saber exatamente o que está fazendo ou pelo que está lutando. Essas mesmas pessoas começarão a ter mais acesso aos próprios direitos e saberão como melhor lutar por eles.
Não sou dessas que julgam ser fácil governar um país. Acho que é uma tarefa na qual poucos têm tamanha competência, ainda mais um país tão complicado quanto este, no qual a democracia como está sendo feita não funciona e suas bases estão tão corrompidas que precisam ser mudadas urgentemente.
Pouco adianta haver manifestações. Não adianta ter impeachment de Dilma (risos). Não adianta vandalizar órgãos públicos, muito menos bancar de "Golpe de Estado!" e "Anarquia", se as próprias pessoas não mudam. Se daqui a alguns anos formos às urnas e cometermos as mesmas burradas, se nem conhecermos o nosso poder, pois o temos, pouco terão validos essas manifestações.
Não importa o que digam, nós temos o poder em nossas mãos, embora não saibamos usá-lo.

                                                                  Da sua amiga, Jú.
PS: não sei quem disse, mas algum sábio disse certa vez: "Quem não gosta de política é governado por quem gosta."
E aí, Brasil, chegou a hora de gostar, né não?

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