sábado, 7 de dezembro de 2013

Conjecturas de uma capitolina

Olha nos meus olhos e vê unicamente dissimulação.
“Olhos de cigana oblíqua e dissimulada” são os sons que ouço sair da sua boca, mas conhece a minha história? Sabe que por trás de tais olhos existe uma alma? Um coração de maré, cuja ressaca incontrolável chega aos olhos? É isso que vês? Não. Vê a doce dissimulação e como eu poderia negá-la? Sim. Dissimulada sou. Porto máscaras frente a pessoas que pouco se importam com o que elas escondem. Sorriu quando quero chorar, pois de nada adiantam lágrimas quando não há quem as seque. Ocultas elas estão, nem mesmo vocês, caros juízes do mundo podem vê-las, então julgam o sorriso falso no rosto da boneca de porcelana que pensam que sou. Não sabia que bonecas choravam, sofriam, amavam, sangravam, mas pouco importa, eles também não sabem nada.
Não sabem, por exemplo, que gosto do balançar dos meus cabelos contra o vento e quando corro muito rápido quase posso voar. Não sabem que esses olhos de ressaca escurecem com as lágrimas que brotam deles quando o coração não mais suporta tão maus julgamentos (ou seriam julgadores?). Não sabem que em menina já era mulher, mas mulher-menina ao crescer sempre fui, sentindo sempre o doce primeiro amor ao meu lado. Um amor que existia dentro de mim: o amor próprio. Não sabem também que sofro de amor e por amor vivo, mesmo quando dele morro ao saber que ele é só mais um julgador. Até onde vai a arrogância humana que não permite ver nada além das máscaras?
Sim... cigana oblíqua e dissimulada sou, assim como vocês, doces juízes da lei.

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