sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Saudade - Pablo Neruda

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Só hoje

Prometo que não serei uma tristeza na sua vida.
Prometo que secarei suas lágrimas e, a partir de amanhã, erguerei a cabeça e trarei os mais belos sorrisos e palavras nos lábios. Prometo que amanhã não haverá terra que não possamos conquistar, sobre a qual andemos felizes (para sempre se isso lhe fizer sorrir). Prometo que não farei promessas que não poderei cumprir.
E sei que o tempo é efêmero. Nada dura. Inclusive a dor, inclusive a vida, inclusive esse mundinho que nomeamos Terra e algum dia um alien, fazendo um passeio turístico pela galáxia, apontará e dirá: aquele foi o planeta destruído pelos homens. Mas hoje... só hoje eu quero sair só. Quero as ruas escuras, o vento no rosto, as lágrimas deslizando pela pele. Sem magoar ninguém com a minha mágoa.
Prometo que não serei aquela que sempre chora - nunca tive muita vocação pra novela mexicana. Mas hoje... só hoje... 
Amanhã estarei bem, mas hoje eu só quero chorar.



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quase todas as feridas saram. A depender do tempo, da coragem, da vontade, da sorte, das guinadas que a vida dá, a depender da profundidade. Quase todas as feridas saram, mas todas deixam as suas cicatrizes, perceptíveis ou não. Eu cá também tenho os meus remendos. Feridas que entre trancos e barrancos consegui curar, mas deixaram marcas tão profundas quanto o próprio corte. Trago-as bem ou mal expostas em cada olhar, cada sorriso, cada passo. Sempre há as que exponho com certo orgulho, há as que tento esconder ou maquiar devido a profundidade e dor que ainda apresentam. Mas cada uma é parte do que sou no instante chamado "Agora".
E o mais importante de todas elas é que são a marca concreta de que sobrevivi. Apesar das penas, pesos e lembranças que carrego todos os dias. Apesar de mim. Sobrevivi. E é isso que elas representam: que um dia estive aqui

domingo, 12 de janeiro de 2014

terça-feira, 7 de janeiro de 2014



Não me leve a mal.

Me leve para casa, me dê carinho, amor, atenção. Não me leve sempre tão a sério, me leve ao cinema ou para dançar e sorria do meu jeito bobo de ser eu mesma, mesmo eu estando muito ocupada sendo para perceber seu doce sorriso. Sorria comigo e nossos nós, laços que nos unem, sejam feitos por nós, efetivamente. Me leve embora, me deixe solta como o vento, mas se não for para ficar, simplesmente vá e deixe que a vida me leve. 
Que seja leve!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A vida não é feita de grandes dias.
Definitivamente é bastante marcada por eles, mas aquilo que há de mais importante não está neles contido.
Neles, não nos damos conta do cheiro do café de manhã ou das caras engraçadas de sono dos que estão ao nosso lado todos os dias. Os grandes dias são marcados por grandes feitos incomuns, atos heroicos e superestimados.
Não é deles que estou falando.
Estou falando dos dias em que você acorda de mau humor, porque é cedo, porque tem que ir trabalhar, porque não dormiu direito, porque queria só mais uns minutinhos, levanta da cama e se vê diante de um dia lindo, e sorri. Falo dos dias que você está parado no meio do trânsito cosmopolita infernal, liga o rádio a espera da notícia tão comum sobre o aquecimento global, mas começa a tocar uma música que você não ouvia desde os 15 anos e que ainda te lembra aquela garota linda por quem você estava a fim e, naquela festa, vocês dançaram como se não houvesse mais nada de verdadeiramente importante. Ou de todas as vezes que você voltou para casa do trabalho tendo o privilégio de olhar o mar e sonhar um pouco de olhos abertos.
São dias a mais, dias de paz, dias que deixamos para trás e nem percebemos, os quais nem damos lá muita importância, mas cujas pequenas belezas características nos trazem felicidade, pelo simples fato de existir.

As vezes a saudade vem em boa hora para nos mostrar o que realmente é importante.
As vezes saiu do eixo. Busco um ponto de equilíbrio que definitivamente não encontro. Tento entender o mundo, o todo, o tudo e o nada, mas não consigo. Me perco em mim. E como um peão que gradativamente vai perdendo a força que o fazia girar, diminuo o fluxo, enquanto tento desesperadamente mantê-lo. Logo eu que primo pelo equilíbrio. Logo eu que dou os conselhos, que sou a âncora de quem amo, que sou a forte, a constante na qual baseiam-se as fórmulas. Só então lembro: logo eu que sou humana. E lembro q não sou peão, nem âncora, nem fórmulas físicas ou matemáticas – tanto faz, são todas frias.
Sou gente.
E sair do eixo é normal. Embora, nem por isso eu deixe de tentar manter o tão sagrado equilíbrio e buscá-lo quando ele pede passagem, pega o primeiro ônibus e vai embora.
“Então, eu acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas.” As vantagens de ser invisível

sábado, 4 de janeiro de 2014

Julgamentos vãos

Antes de julgares, saiba que teus olhos atentos aos possíveis erros dos outros podem estar cegos diante dos teus.
Antes de julgares, percebe que aquilo que tanto recriminas hoje, talvez precise ser a tua realidade de amanhã.
Antes de julgares, repara que toda história tem duas versões e duas versões são duas verdades.
Antes de julgares, aceita que invariavelmente a uma parte, por menor que seja, de uma história, tu não terás acesso.
Antes de julgares, entende que não serão mil bocas que te esclarecerão qualquer coisa, elas apenas te confundirão.
Antes de julgares, escuta o silêncio, ele costuma fornecer grandes dados.
Antes de julgares, observa os olhos, eles são mais reveladores do que as bocas. Eles deixam provas irrefutáveis da verdade.
Antes de julgares, presta atenção à tua volta. Quantos foram condenados injustamente por mestres em julgamento?
Antes de julgares, lembra que tu mesmo já foste vítima de calúnias e por vezes não tiveste como te defender delas.
Antes de julgares, olha-te no espelho, observa com atenção o teu semblante, pensa na tua vida pregressa e questiona-te se estás em condição de julgar alguém.

(Autor Desconhecido)