quinta-feira, 2 de outubro de 2014



“Salvem as estrelas, gritava a moça. Salvem as estrelas, insistiu.
Amsterdã precisa delas, o mundo precisa delas. Mas ninguém dava a mínima atenção. Pelo contrário, olhavam-na com desprezo.
Já eu a olhava intrigado, o que que ela queria dizer? Uma metáfora?
Não havia entendido e odiava não entender. Até perceber a luz que irradiava da moça, era a luz de uma estrela, uma estrela na terra.
Entendi a mensagem que ela tentava passar a diante, e num grito uníssono completei sua frase: “SALVEM AS ESTRELAS”.
E quando fiquei ao lado da moça, do outro lado da situação.
Percebi como a humanidade era fria e indiferente. E então uma tristeza profunda me atingiu quando me dei conta de que sem essas estrelas na terra, mais cedo ou mais tarde voltaremos a ser escuridão.”


— Amsterdã, 1957.

Algo sobre nós...

Sobre nós...
Poucas pessoas se dão conta do que é realmente esse palavra.
"Nós"...
Não sou eu ou você, nem mesmo eles ou quaisquer outros pronomes. Não assume o caráter de posse repercutido pelas gramáticas em geral, caráter pertencente a outros termos. Um "nós" não é sobre aquele que aponto ou quem enxergo no espelho todas as vezes me vejo. O "nós" não tem a capacidade de excluir, apenas incluir diferentes sujeitos em mesmos abraços, beijos, conversas, discussões e afins. Não é restritivo a dois como "ambos". Ele é apenas o que somos juntos. Nada mais.
"Nós" não tem cara ou renda mensal ou conta bancária. "Nós" não tem um sobrenome ou beleza objetiva. Nós são elos estabelecidos entre dois ou mais seres de diferentes ou mesmas naturezas. São dedos entrelaçados de modo apertado e aconchegante.
Um "Nós" exige proteção mútua, pois sem um, o outro não seria - ao menos não parte desse conjunto. Não permite o individualismo, mas admite amor próprio e ao outro no reconhecimento da necessidade da existência de ambos para se construir o ser que chamo de "Nós".
Todos deveriam fazer parte de um nós.
Muitas fazem e nem percebem.
Outras não fazem e pensam fazer.
Não falo apenas de namoros, amizades, casamentos, coleguismos... e talvez fale exatamente de tudo isso também.
Se nos víssemos dentro de uma coletividade como nação, país, povo... talvez conseguíssemos efetivamente nos tornarmos um nó, um nós, que mudasse a realidade que faz de nós ego.
Espero que se sinta representante de um nós quando estiver de cara a cara com a urna.