sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Só conseguimos entender a beleza do amanhecer, porque nos vimos frente a escuridão da noite. E, mesmo na noite mais escura, mais coberta por nuvens densas que não permitem a saída de luz, mesmo quando nada mais parece existir além do que há de negro, há lindas estrelas acima das nuvens. Às vezes, não conseguimos vê-las, mas sabemos que elas existem.

sábado, 23 de novembro de 2013

Nem sempre o que queremos é o que precisamos ou merecemos. De tudo podemos tirar algum aprendizado, entender isso faz parte da vida e das provas que ela nos dá todos os dias.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Texto do poeta inglês John Galsworthy, nobel de literatura de 1932, traduzido do original (Felicity) por Rafael Arrais [1].

Quando Deus é tão bom para os campos, de que uso são as palavras – essas pobres cascas de sentimento! Não há como se pintar a Ventura nas asas! Nenhum meio de passar para a tela a glória etérea das coisas! Um único botão-de-ouro dos vinte milhões em um campo vale mais do que todos esses símbolos secos – que não poderão nunca expressar o espírito da neblina espumosa de Maio a se chocar com os arbustos, o coral dos pássaros e das abelhas, as anêmonas a se perder de vista, as andorinhas de pescoço branco em sua Odisséia. Aqui apenas não existem cotovias, mas quanta alegria de sons e de folhas; de estradas a refletir o brilho das árvores, os poucos carvalhos ainda em dourado amarronzado, e a poeira ainda espiritual! Apenas os melros-pretos e os sabiás podem cantarolar este dia, e os cucos no topo da montanha. O ano fluiu tão rápido que as macieiras já deixaram cair quase todas as suas flores, e nos prados alongados, a grama verde já deixou crescer suas “adagas”, ao lado dos estreitos córregos ensolarados. Orfeu senta-se por lá em alguma pedra, quando ninguém passa por perto, e toca sua flauta para os pôneis; e Pan pode eventualmente ser visto dançando com suas ninfas nos bosques onde é sempre crepúsculo, se você se deita e permanece calmo o suficiente no barranco da outra margem.
Quem pode acreditar em envelhecer, enquanto estamos envoltos nesse manto de cores e asas e sons; enquanto esta visão inimaginável está aqui pronta para ser observada – os carneiros de face lisa ali ao lado, e os sacos de lã secando pendurados na cerca, e grandes números de patos ainda pequenos, tão confiantes que os corvos já pegaram vários.
Azul é a cor da juventude, e as flores azuis têm uma aparência enigmática. Tudo parece jovem, muito jovem para trabalhar. Existe apenas uma coisa ocupada, um passarinho, bicando larvas para sua pequena família, acima de minha cabeça – ele deve precisar fazer esse vôo umas duzentas vezes por dia. As crianças devem ser bem gordinhas.
Quando o céu é tão aventurado, e as flores tão luminosas, não parece ser possível que os anjos de luz deste dia possam passar à escuridão da noite; que lentamente essas asas devam se fechar, e o cuco se colocar para dormir. Insetos enlouquecidos dançam junto à tardinha, a grama se arrepia com o orvalho, o vento morre, e nenhum pássaro canta...
Ainda assim, acontece. O dia se foi – o som e o glamoroso farfalhar de asas. Lentamente, o milagre do dia passou. É noite. Mas a Ventura não se retirou; ela apenas trocou o seu manto pelo silêncio, o veludo, e a pérola da lua. Tudo está adormecido, exceto uma única estrela, e as violetas. Porque elas gostam mais da madrugada do que as outras flores, eu não faço idéia. A expressão em suas faces, quando uma se curva ao crepúsculo, é mais doce e astuciosa do que nunca. Elas partilham algum acordo secreto, sem dúvida.
Quantas vozes se renderam ao fantasma da noite e desistiram de cantar – restou apenas o murmúrio do córrego lá fora, na escuridão!
Com que religiosidade tudo isso tem sido feito! Nenhum botão-de-ouro aberto; as coníferas com as sombras derrubadas! Nenhuma traça apareceu ainda; está muito cedo no ano para os noitobós; e as corujas estão quietas. Mas quem poderia dizer que neste silêncio, nessa luz macilenta a pairar, nesse ar privado de asas, e de todos os odores exceto o frescor, existe menos do incomensurável, menos disto que as palavras são ignorantes em explicar?
É estranho como a tranqüilidade da noite, que parece tão derradeira, é habitada, se alguém permanece calmo o bastante para perceber. Um pequeno cordeiro está choramingando lá fora preso a sua amarra; um pássaro em algum lugar, dos pequenos, a cerca de trinta metros, assobia da maneira mais deliciosa. Existe um cheiro também, por debaixo do frescor doce das roseiras, eu acho, e das nossas madressilvas; nada mais poderia se espalhar de tal forma delicada pelo ar. E mesmo na escuridão as rosas têm cor, talvez mais belas do que nunca. Se as cores são, como dizem, apenas o efeito da luz em variadas ondas, alguém poderia pensar nelas como uma melodia, o som de agradecimento que cada forma entoa, para o sol e a lua, para as estrelas e o fogo. Essas rosas coloridas pela lua estão cantando um som bem silencioso. De repente eu percebo que existem muitas outras estrelas ao lado daquela ali, tão vermelha e observadora. O falcão passou por ali com seus sete amigos; ele se aventurou muito alto e profundamente na noite, na companhia de outros voando ainda mais distantes...
Essa serenidade da noite! O que poderia parecer menos provável de prosseguir, e se metamorfosear novamente no dia? Certamente agora o mundo encontrou o seu sono eterno; e o brilho de pérola da lua irá perdurar, e este precioso silêncio nunca mais irá renunciar ao seu reinado; a uva-flor deste mistério nunca mais irá brilhar novamente na luz dourada...
E ainda assim, não é o que ocorre. O milagre noturno se passou. É manhã. Uma luz pálida desponta no horizonte. Estou à espera do primeiro som. O céu ainda é nada mais do que papel acinzentado, com a sombra dos gansos selvagens a passar. As árvores não passam de fantasmas. E então começa – o primeiro canto de um passarinho, espantado em descobrir o dia! Apenas uma chamada – e agora, aqui, ali, em todas as árvores, repentinamente todas as respostas vêm em socorro, e o coral mais doce e despretencioso ecoa. Seria a irresponsabilidade alguma vez tão divina quanto isso, o piar dos pássaros? Então – açafrão no céu, e silêncio uma vez mais! O que será que os pássaros fazem após o primeiro Coral? Pensam em seus pecados e seus negócios? Ou apenas dormem um pouco mais? As árvores estão rapidamente soltando a imaginação, e os cucos começam a chamar. As cores estão queimando nas flores; o orvalho as saboreia.
O milagre acabou, pois a radiação iniciou seu trabalho; e o sol está desgastando essas asas negras e ocupadas com seu dourado. O dia chegou novamente. Mas sua face parece um pouco estranha, não mais como fora ontem. Estranho de se pensar, nenhum dia é como o dia que se foi e nenhuma noite como a noite que virá! Porque, então, temer a morte, que é noite e nada mais? Porque se preocupar, se o dia que virá trará uma nova face e um novo espírito? O sol iluminou o campo de botões-de-ouro agora, o vento acariciou os limoeiros. Alguma coisa me faz sombra, passando ali em cima.

É a Ventura em suas asas!



http://textosparareflexao.blogspot.com/2009_12_01_archive.html

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Coração de Passarinho

Abrigo com meu abraço o senhor do coração de passarinho.
Ele foge, reluta, luta, teme, sofre, geme,
Não quer que enxerguem o seu ninho
Destroçado e frio, escuro está Passarinho,
Há de fechar todas as portas?

Passarinho antes de passarinhar, acreditava
Com fé e força que o fechar das portas
(ou será dos olhos?)
Encerraria todos os fins.
Jovem e velho passarinho tão cheio de dores
Tão cheio de amores era infeliz.

Como quebrar gaiola de doce passarinho?

Abrindo as asas passarinho, ele quebrou as amarras
E coração de passarinho a tudo conquistou,
Pelos céus voo com rumo desconhecido,
Mas voltou ao abraço, à liberdade rendido,
Para dizer "Adeus".

Voa Coração de Passarinho,
Prometo: irá encontrar novo ninho,
Dentro de você.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"Volto os meus olhos para dentro, pois é lá que moram as respostas. Volto meus olhos para o lado, pois lá está quem mais amo. Volto os meus olhos para trás, pois não quero esquecer quem fui e repetir os mesmo erros. Mas olho para frente, porque é lá que mora o futuro"

Para os vestibulandos de plantão

O nome gravado numa lista não te torna mais humano que alguém, ou melhor. Um nome numa lista não quer dizer que você é mais capaz ou está pronto. É um momento incrível no qual, muitas vezes, você vê todos os esforços correspondidos, mas não é sua vida. Estudar pro vestibular, ser avaliado por uma prova que quem fez pouco se importa pra quem você é, mas se sente capaz de julgar se você é apto ou não é doloroso, tudo isso, usar toda a energia que se tem, abrir mão de coisas durante parte da sua vida para ver o bendito nome na lista. E, por fim, as vezes ele não está lá. Mas nem por isso você é menos humano ou mais incapaz que algum outro, talvez você só estivesse em um mal dia quando fez a bendita prova. Só isso. O essencial, toda uma história de luta pelos sonhos permanece.
As pessoas que não passam por isso deveriam ser mais conscientes, quem é terceiro ano ou vestibulando não precisa de mais pressão, mais pessoas dizendo o que deve ou não fazer, do que é ou não capaz; pois, como diria Antoine de Saint-Exupéry, "O essencial é invisível aos olhos", invisível inclusive nas listas de aprovados em vestibulares.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

domingo, 3 de novembro de 2013

Por que tão triste? As coisas não ficarão piores se você sorrir só um pouquinho. Ao menos tente.